quinta-feira, 31 de maio de 2007

Amar

"“Amou alguma vez as mulheres? Amar não é a palavra certa, porque nela muito se contradiz a uma velocidade que impede o sentimento.”

Agustina Bessa-Luís


Errata

Amar é a palavra certa, apenas quando dita e vivida com a maior velocidade possível.
O amor é uma borboleta. É a totalidade de raios de sol num dia de céu nublado, com as mesmas interrupções e a mesma escuridão. È uma garrafa cheia que parte, não um conta-gotas. É pura ressurreição seguida de morte súbita. Um fénix que não precisa de levantar voo para chegar ao sol. Um círculo que em cada início parece uma recta.
O amor dura o tempo exacto da contemplação de uma estrela cadente; é decadente.
O amor intemporal existe: é aquele que foi interrompido precocemente por alguma razão. Romeu e Julieta amaram-se para sempre pois morreram novos, antes da menopausa, do comodismo, do desencanto, das discussões, do cansaço, do divórcio.
Amar tem tudo a haver com velocidade e intensidade. É directamente proporcional. Se quiseres amar alguém para sempre, despede-te após o primeiro encontro. Casa-te com a memória.


Filipe Lascasas"

Memória fotográfica

"“Os seus ombros tocaram-se quando contemplavam um quadro de Giuseppe Archimboldo. O tempo parou à medida que desviaram o olhar um para o outro. Passados uns segundos, era o quadro que contemplava duas figuras humanas, perdidas no infinito fotográfico que todas as retinas deslumbradas registam mas a memória não arquiva. Tivesse algum génio artístico a vontade de despejar sobre eles litros de aguarelas ou queimar uma película fotográfica e o momento teria durado para sempre, na parede de um qualquer museu.”
Era uma vez um homem que cortou a sua memória com uma faca de cozinha e alguns utensílios de jardinagem. Uns dizem que fora uma tentativa de suicídio, outros afirmam ter sido uma intervenção cirúrgica brilhante. Era fotógrafo. Recebeu a sua primeira máquina fotográfica aos seis anos e desde então, fotografava tudo o que podia. Não sabia explicar porquê, mas sentia haver uma razão para o fazer...
Demorou umas semanas a preparar a operação. Juntou os milhares de fotografias que possuía, escolheu as melhores e mandou-as ampliar ao tamanho das paredes de sua casa.
Após retirar a sua própria memória, caiu num sono profundo. Quando acordou, olhou à sua volta e viu muita luz; depois, viu a fotografia de um homem a segurar um bebé. Tinha nascido.
Levantou-se e caminhou até à imagem de uma senhora com ar familiar que lhe dava a mão, numa rua de granito. Era o seu primeiro dia de escola.
Uma fotografia que tirou aos 12 anos dos seus pais a darem um beijo ternurento, mantinha-os casados e apaixonados para a eternidade. O seu avô sobrevivia aos anos, na sua despensa, debruçado num tractor.
Nunca perdera um amigo. Na sua parede virada a Este, brincavam aos “cowboys” e uns centímetros depois, lanchavam pão com marmelada e doce de chila feitos pelas mães, numa altura em que as fotografias eram a preto e branco.
Na parede a Oeste apaixonava-se pela primeira vez. Avançava uns metros até ao primeiro beijo e seguia até à cozinha, por um areal branco banhado por águas límpidas, de mãos dadas com a sua amada. Anna Reinsoo nunca havia partido, esperava-o sempre numa parede à saída do quarto, com o pequeno almoço numa bandeja e uma tulipa vermelha na orelha.
Na sala, junto à lareira, cumpria sonhos de uma vida... Assinava o contrato do seu emprego de sonho, comprava uma casa de paredes enormes, publicava as suas primeiras fotografias num jornal, recebia o seu primeiro prémio de fotografia, exibia os seus trabalhos por todo o mundo...
Os pássaros não dormiam à noite. O verão não acabava. O sol permanecia eternamente posto, num oceano de águas calmas.
No tecto do seu quarto, uma fotografia gigante de um céu coberto de estrelas, lembrava-o que talvez não estivesse só. Olhava uma estrela cadente cuja queda havia sido eternamente amparada pela película fotográfica e fazia desejos até adormecer...
A sua casa era a sua vida. Todos os dias acordava, nascia, crescia, vivia e adormecia, feliz. Viveu mil trezentas e doze vidas.
No dia em que acordava para viver a mil trezentos e treze, bateram-lhe à porta uns senhores vestidos com batas. Acordou numa cama de hospital, olhou à volta e só viu paredes brancas. Numa das paredes, uma televisão aspirou-lhe o olhar; em minutos mergulhou num mundo onde aconteciam milhares de coisas diferentes imediatamente esquecidas. Passados uns minutos, o homem morreu.
Alguém anunciou a sua morte, mas foi imediatamente esquecida.

Filipe Lascasas

(Aos fotógrafos e aos pintores... Por nos lembrarem.)"

quarta-feira, 30 de maio de 2007

Um tributo a um herói, ninguém escreve assim!

"Obrigado jogador nº 47

O Figo, o Zidane, o Beckam, o Ronaldo, o Eusébio, a Catarina Furtado, o Herman José, os ministros, os deputados, o primeiro ministro, o Presidente da Republica, os Reis de Espanha e uma quantidade de gente realmente importante, fizeram questão de comparecer naquele dia glorioso. O estádio estava lotado e tudo estava preparado para a despedida do grande Capitão. Era tal o brilhantismo com que conduzia a sua equipa, que alguns chamavam-lhe “O Timoneiro”. Ele, com a modéstia que lhe iam permitindo, recusava tal alcunha e fazia questão de vestir uma camisola igual à dos outros, com um número maior que o seu nome.
Foi o primeiro a entrar no relvado, como sempre, não para ser o primeiro a receber aplausos, mas porque simplesmente nunca havia conseguido em toda a sua vida, ser pontual... Chegava sempre antes da hora. Era portanto comum não ouvir aplausos antes de os merecer, porque antecipava-se ao público.
Naquele dia, porém, já toda a gente lá estava quando ele entrou. O estádio tremeu literalmente com as palmas dos milhares de espectadores presentes. O barulho ensurdecedor da homenagem e da glória durou 26 minutos e 59 segundos, a maior ovação contínua de toda história, com honras de recorde do Guiness.
O capitão chorou - os capitães choram sem medo.
O primeiro ministro desceu ao relvado e entregou-lhe uma medalha juntamente com um pedido de desculpas pelo governo tardar em reconhecer o seu mérito e contributo para a pátria. Ele disse que não levava a mal, mas é opinião deste comentador que não se sabe até que ponto o medo de ser prejudicado na Segurança Social foi mais importante do que a sinceridade da sua opinião. O capitão era um homem sincero, mas como todos os homens (contribuintes) tinha medo.
Depois, todos os seus colegas de equipa o abraçaram comovidos – os soldados choram por capitães que choram por eles.
Mal o apito soou, ele entregou-se à suas tarefas, com o profissionalismo e a concentração de sempre. Fez o que fazia melhor, jogou, fez jogar, rematou, centrou, moralizou a equipa. É sabido que o seu treinador estrangeiro possuía também um longo e brilhante currículo de trofeus, um carisma e uma fama invejáveis. No entanto, o capitão era de tal forma um timoneiro, que o treinador pedia-lhe sempre opiniões e conselhos... As “más-linguas” dizem há muito, que o treinador deve parte do seu sucesso ao Capitão, mas em nome da verdade jornalística e desportiva, acho que tal não é de todo verdade; por muito que admire o Capitão e por mais que sejam as dividas que lhe deixam.
Todos no estádio se emocionavam a cada golo. “Epá, eu sei que não é suposto gostar de sofrer golos, mas o privilégio de sofrer dois golos do capitão foi uma honra inesquecível.” – comentou o guarda-redes da equipa adversária à entrada para os balneários.
Ao fim dos 90 minutos* todos foram unânimes em reconhecer que o jogo tinha sido memorável e de grande qualidade. O capitão saiu em braços, levado pelos seus colegas e adversários. O Figo, o Zidane, o Beckam, o Ronaldo, o Eusébio, a Catarina Furtado, o Herman José, os ministros, os deputados, o primeiro ministro, o Presidente da Republica, os Reis de Espanha e algumas pessoas verdadeiramente importantes, fizeram questão de o esperar à entrada do balneário para lhe fazerem uma vénia.
O capitão chorou.
À medida que abandonava o estádio (em transportes públicos) recebeu um aplauso ainda maior que o primeiro. Mas os senhores que registam os recordes (e que deviam ter aparecido noutras alturas) haviam já ido embora.


Era assim que devia ter sido, mas não foi.

O meu pai reformou-se após cinquenta e dois anos de trabalho, o triplo da carreira de um jogador de futebol. Como sempre, foi o último a sair da empresa, por isso não havia ninguém a bater palmas quando finalmente abandonou o relvado.

Filipe Lascasas"

segunda-feira, 28 de maio de 2007

gostei muito desta

"Amor é uma palavra; o que importa é a conexão que esta palavra implica".
- Matrix Revolutions

Amor...(o que é)

Eros
O amor do tipo eros é aquele amor romântico que uma pessoa sente por outra. É o amor que se liga de forma mais clara à atração física, e freqüentemente compele as pessoas a manterem um relacionamento amoroso continuado. Nesse sentido também é sinônimo de relação sexual.

Ágape
Em grego, significa altruísmo, generosidade. A dedicação ao outro vem sempre antes do próprio interesse. Quem pratica esse estilo de amor entrega-se totalmente à relação e não se importa em abrir mão de certas vontades para a satisfação do ser amado. Investe constantemente no relacionamento, mesmo sem ser correspondido. Sente-se bem quando o outro demonstra alegria. No limite, é capaz até mesmo de renunciar ao parceiro se acreditar que ele pode ser mais feliz com outra pessoa. É visto por muitos, como uma forma incondicional de amar.

A interpretação cristã neopentecostal sobre a origem de Jesus, engloba este tipo de amor para descrever o ato de Deus, que, ao ver a humanidade perdida, entrega seu filho unigênito, para ser morto em favor do homem, sem esperar nada em troca.

Escrever, escrever, escrever...

"É preciso escrever. Para não desabituar. E desaprender. Para não suceder o que está a acontecer: deixar de o fazer. Deixar de o saber. E não ter vontade de escrever, escrever, escrever."

quinta-feira, 17 de maio de 2007

Gravity

Uma das minhas músicas preferidas de sempre...



John Mayer, uma voz fantástica, uma mente tocante demais.

quinta-feira, 10 de maio de 2007

wikiniões

Em psicologia, um problema é qualquer questão que pode dar margens a hesitação ou perplexidade, pela dificuldade de explicação ou resolução. Sendo assim pode ser, em alguns casos, um conflito afetivo que afeta o equilíbrio psicológico do indivíduo ou grupo de indivíduos.

terça-feira, 8 de maio de 2007

7 coisas


7 Coisas que faço bem

. Amar alguém, talvez seja a que faço melhor...
. Olhar nos olhos e ver p'ra lá deles.
. Trabalhos dificéis nos quais mais ninguém (digo eu...) tem coragem de pegar.
. Dormir (quando tenho tempo)
. Vender gato por lebre
. Discutir, tenho sempre argumentos...
. Ter-me lembrado de comprar uma agenda:-)

7 Coisas que não faço bem
. Memorizar recados.
. Dizer piadas, raramente faço alguém rir.
. Expressar os meus sentimentos.
. Arranjar tempo
. Fazer as coisas rápido sem me perder
. Escolher o momento certo para estar calado
. Auto-honestidade

7 Coisas interessantes no sexo oposto
. Olhar carinhoso.
. Mãos suaves.
. Cabelo cheiroso.
. Pescoço macio e sensivel.
. Protectora.
. Inteligente.
. Sorriso alegre.

7 Coisas que digo frequentemente
. É assustador...
. Desculpa...
. Obrigado...
. xpto...
. Não me lembro de mais.

7 Actores/actrizes preferidos/as
. Johnny Depp.
. Anthony Hopkins.
. Nicole Kidman.
. Clint Eastwood
. Morgan Freeman
. Ben Whishaw
. Robin Williams

7 Livros
. A pianista
. 1984
. A peste
. A Mancha Humana
. A queda de um anjo
. A praia do destino
. O Código Da Vinci

7 Filmes
. Cidade de Deus
. 1984
. Carandiru
. Scoop
. O Coronel e o Lobisomem
. Shreak :-)
. Idiocracia:-)

segunda-feira, 7 de maio de 2007

Misturas mais-que-perfeitas!

Não se ouve Debussy; acolhe-se e sente-se, é isso que convido a fazer!